SIMPLES MENTE LIVRE é a dupla de Folk Blues formada por Sé Rodrigo (voz, viola e gaita) & Thaise Mandalla (voz e stand up drums) cujos timbres transportam o público a cenários de uma vida itinerante pelos interiores e litorais das Américas.
Seus poemas vão de contemplações a "causos" do imaginário boogie-woogie, transando melodias formosas em ritmos dançantes. As criações da banda transbordam o universo sonoro e permeiam o cinema com as compilações de seus registros de bordo em vídeo.
Com um
nome originado no império Romano, quando era utilizado para
denominar os habitantes de regiões de matas ou florestas, já que em
latim , Silva, significa "Selva" e aqueles que utilizavam
como patronimíco, eram os habitantes da Península Ibérica(Portugal
e Espanha), daí para o Brasil, foi um pulo, ou melhor dizendo, uma
grande viagem trans-atlântica que disseminou e enraizou o uso
generalizado em terras brasileiras do real significado do referido
aposto: Raiz, contribuindo assim, para a criação de um rosto, uma
face, uma performance, daquilo que costumamos chamar de
brasilidade.
E justamente imbuído desse espírito de
pertencimento, sem resvalar para frágeis regionalismos, que surge no
panorama brasileiro, mais especificamente no cenário musical
brasiliense, o Da Silva, integrada por Claúdio Bull(voz), Mauricio
Barcelos(baixo),Thiago Lima(bateria), André Pires (Teclado), Caíque
Barbosa (guitarra/groovebox), verdadeiros "Les ' Enfant
Terrible" do Planalto Central, invocam os Vates, Menestréis,
Poetas, Loucos e arquitetam uma nova e inusitada sonoridade com a
sutileza de todos os Deuses, sejam lá eles quem forem; a intuição
pródiga de um Rimbaud; a provocação instigante de um Jim
Morrison, o requinte e o refinamento cool de um Luchino
Visconti e a solidez digna de um Niemayer, sem falar, claro na beleza
insinuante de seus integrantes, herdeiros diretos de James Dean.
Com
todo esse legado, é de se esperar da banda um esmerado trabalho
autoral, com múltiplas possibilidades sonoras, proporcionadas por
uma extensa cultura eletrônica de seus integrantes, habilitados que
são, num extenso referencial poético, literário e, sobretudo
cinematográfico, já que as suas composições são verdadeiros
Road-movies, representando um surto de criatividade aliado há
um ar inovador e original que sacudirá a letargia que domina a
cena do panorama musical brasiliense.
Sem resvalar para
frágeis regionalismos ou insistir em desgastadas tendências, o Da
Silva, Transita, navega, transpõe e traduz com a mesma naturalidade
um Vicente Celestino, em sua deslumbrante interpretação de "Lua
Branca" com a mesma maestria em que une num mesmo Clube, agora
não mais o da Esquina; mas aliado a eles, convidam para essa
divagação antropofágica The Smiths, Chico Science, Caetano Veloso,
Metro, Legião Urbana, Picassos Falsos, Julio Barroso ou Gui
Borato.
Que ancorados na heráldica simbologia do seu nome, Oxalá,
o Da Silva finque definitivamente as suas raízes e evocações
sonoras por esses Brasis afora!!!
Três anos após o bem sucedido lançamento de ‘A fábula (ou a
farsa?) de dois eletropandas’, álbum de estréia que amealhou
elogios da crítica especializada e tornou possível pequenas turnês
nos Estados Unidos, no Canadá, na Europa e a escalação para o
festival Planeta Terra 2007, o duo brasiliense Lucy & The
Popsonics lança ‘Fred Astaire’ (Monstro Discos).
Para o disco é inescapável o epíteto-clichê ‘maduro’. A farsa
citada como ironia no debut não se sustenta nem como piada em
‘Fred Astaire’, pois ele contém o que garante a consolidação
da carreira da dupla: músicos mais seguros, arranjos melhor
produzidos, letras ainda mais irônicas e bem humoradas, um baterista
de carne e osso que junto de Lucy confere ainda mais peso à
performance da banda, além da boníssima companhia de John Ulhôa,
produtor do trabalho. Os elementos sonoros são os de sempre e a casa
faz boa serventia de rock eletropunk e se permite ao inusitado, como
o sampler country que abre o disco em ‘Multitarefa’ e a versão
de ‘Refuse/Resist’, do Sepultura.
É um disco maduro também porque em três anos a vida de Pil
(guitarras e samplers) e Fernanda (baixo e vocais) mudou
substancialmente. Há um casamento entre um álbum e outro, alguns
concursos públicos, mais de uma centena de shows e uns milhares de
quilômetros atravessando o país e dois continentes para realizar
shows. O reflexo das transformações vê-se nas letras. Os elementos
inspiradores deixaram de ser apenas os estereótipos cruelmente
ironizados (‘O som do mp3 melhora no K7 / No lado A da fita cabe o
B do Indietracks/ As melhores bandas são as de abertura / A cena
mais bacana é a indiefolk da Albânia’, BiffBang Pop) e se
voltaram também para a vida a dois, a dificuldade de levar adiante a
carreira e os horários do emprego burocrático (‘Vivo numa maquete
/ me sinto um rato branco / sou um experimento / trabalho em um
banco’, Fred Astaire).
O resultado tem um traço de melancolia, mas logo se esvai com
sarcasmo e no meio do set tem alguém perguntando numa canção de
amor pelo avesso ‘Por que você não morre?’, precedendo ‘Ziggy’,
uma das melhores faixas do disco e ode a David Bowie, cuja letra
resume a saga de um fã obsessivo como um pequeno roteiro de ficção
científica, que aliás vem bem a calhar com os elementos etéreos
dos sintetizadores.
Os pouco mais de 40 minutos de ‘Fred Astaire’ chegam ao fim com
‘Cosmonauta’ e ‘Oito-bits’.
Aquela, burlesca e debochada, refere-se aos russos e sua corrida
espacial e brinda com um refrão pegajoso e melódico. A cereja do
bolo, no entanto, é ‘Oito-bits’. É
impossível ficar incólume à voz sussurrada e provocante de
Fernanda pedindo que ‘use duas outras notas / e cante que me ama em
oito bits’. É provável que você atenda, hipnotizado, e só
depois se dê conta que é apenas um disco delicioso como a voz da
vocalista, dançante como uma batida repleta de boas referências de
estilo e seguro como a maturidade é capaz de fazer.