segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sonzera! apresenta Rocan e Projeto Macaco



A palavra é direta! A primeira frase que você ouve no disco de estreia da Rocan pode, de cara, resumir não só o texto como também o som dessa banda. A Rocan não tem freios, não tem rabo-preso, não tem papas na língua. É som direto, sem frescura, sem franjinha na testa e com atitude verdadeiramente rock. Em um mercado musical cada vez mais óbvio, bobo e previsível, preocupado apenas com o consumo rápido, esse disco da Rocan soa como trilha sonora perfeita pra aqueles que gostam de rock de verdade e abandonaram as FMs jabazeiras, em busca cada vez maior do seu próprio toca-discos,cds ou Ipod.

Petardo após petardo, a banda mostra logo de cara que veio pra ficar. A garra e o
compromisso com o som que fazem é latente. Não por acaso, já há algum tempo chamam a atenção do público roqueiro do DF, cidade que serve como plano de fundo perfeito para as letras contundentes e cheias de protestos da banda.

Depois de "1000 Megatons", a segunda-faixa, "Adre", traz logo a participação de um dos ícones roqueiros de Brasília e do Brasil - Digão, dos Raimundos, fazendo um belo dueto com o vocalista Pedro. Na sequência, em "O Ruído", a competente cozinha de Morais (bateria) e Daniel “Futrica” (baixo) deixa tudo certo pra Piruca, um dos três irmãos da família Negrão que fazem parte da banda, mostrar toda sua competência e criatividade nas pick-ups, mandando scratchs e efeitos sob medida pro som pesado da Rocan. "Hora de diversão" mostra mais um lado da banda. Se a grande maioria das letras são contundentes e carregadas de inconformismo, essa faixa deixa claro que eles também não abrem mão de momentos "for fun". O show da Rocan deixa isso bem claro, inclusive. Nessa faixa Piruca dá mais um show nas pick-ups, totalmente integrado ao instrumental. Na faixa 5 é hora deste que vos fala homenagear a banda e em particular seu vocalista, com "Pedro". Quando eu e meus parceiros do Tihuana criamos a base instrumental desse som e eu parti pra fazer a letra, foi quase como uma psicografia, saiu muito rápido. É sim uma homenagem aos amigos da Rocan, caras "firmeza", verdadeiros e comprometidos com o que fazem.

O convite para gravar os vocais junto com o homônimo vocalista foi aceito na hora... Conexão Brasília-Sampa! "Agora é sua vez" vem na sequência trazendo mais um som pesado, porém com muito groove. A influência de Rage Against The Machine é forte nessa faixa. "Apesar de toda influência", traz outra brilhante participação no disco - Marceleza, vocal do Maskavo, consegue colocar ainda mais beleza na melodia do refrão, fazendo um contraponto perfeito para o vocal de Pedro. Piruca manda ver mais uma vez nas “pick-ups”. Bela música. A faixa 8, "Sob as lentes", traz um som mais lento, cadenciado e com uma guitarra funkeada muito bacana, do versátil guitarrista Orácio. A porradaria sonora volta a rolar com "Efeito Colateral", remetendo ao som do Planet Hemp, na época em que a banda chegou apavorando o Brasil com seu rock-hardcore-hip-hop. Mais uma vez o guitarrista Orácio mostra toda sua competência e diz por que segura a onda sozinho das distorções da banda, fazendo um belo trabalho de guitarra. "Sinais de fumaça" é uma das melhores faixas do disco. Letra e instrumental casando perfeitamente, toda a banda tocando muito bem, letra forte e consistente. O som termina em tom profético, com este que vos fala participando mais uma vez nos coros. Pra fechar a tampa e deixar você com vontade de ir ao show, "A Culpa", é mais uma porrada sonora protagonizada pela dupla das cordas, Orácio e Futrica, com Piruca mandando muito bem nas pick-ups e Morais espancando os tambores.

Enfim, se você gosta de rock de verdade, hardcore, guitarra na cara, cama competente de baixo e batera, e vocais cantados com alma e honestidade, não pode deixar de conhecer a Rocan. Afinal, como diz outra frase da faixa que abre o disco, "pra quem consegue sentir é muito fácil entender".

Por Baía – Percussionista e DJ do Tihuana

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